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O que a vida faz

Uma noite dessas saí sem o celular. Cheguei antes em um compromisso e ia ligar o mp3 no celular. Ele não estava lá.
Tive de pensar em outra opção. Fui ver o mar, havia tempo que não fazia isso. E me fui!
Ao chegar lá vi que a lua estava especialmente linda! Não é dificil imaginar. Aquele luar sobre as ondas. A brisa na noite quente. O mar quase negro e a lua muito prateada. Que imagem! Que foto! Grande ideia! Mas não levei o celular. E ficou fotografado na retina. Em um lugar sem digitalização nenhuma. Mas com muitos arquivos...
Não tirei nada dali, mas ganhei muito. Sai incompleto de arquivos, mas numa plenitude sedenta por mais lua, por mais mar. E eu não precisava de mais nada.
Como conversado com a Angela, ou Anja Psi no facebook, a fotografia ficou eterna na retina, na memória. Ela estava lendo um livro em que isso era mencionado e eu lhe falei que Lindolf Bell também traz esta ideia. O Mundo das Ideias se apresenta em diversas formas para espargir suas linhas e tramas de raciocíneo em vários lugares. A cada um chega de um jeito ou seriam coisas diferentes que entendemos da mesma forma?
Outra sensação que tive ao sair sem o telefone é que o acaso ganha mais possibilidades. Se não marcar de encontrar alguém, é uma surpresa dar de cara com um amigo na esquina. Mas eu não encontrei. E foi legal do mesmo modo.
Aí me ocorre a diferença do que a vida faz e o que a gente faz. O que a vida faz é muito maior que o nosso alcance. O que fazemos é sempre menor que nós mesmos. As vezes plantamos a semente. Ela cresce e se torna maior do que quem a plantou. Mas foi a vida que lhe fez crescer. Semear é a atitude que a dimensão do ser humano permite. Não lhe é possível fazer mais do que preservar o que foi semeado. Para continuar existindo a possibilidade do desenvolvimento da semente a vida tem que acontecer em uma combinação de fatos. Isso faz da semente sempre menor que o fruto. Por isso se deve semear.
Semear e preservar. E se for por vontade vontade divina, a vida desenvolverá.


Com ou sem o celular.

Um comentário:

  1. Eu também esqueci de pôr mp3 e livro na bolsa um dia desses. Resultado: conversei com um senhor queridíssimo no trem e, na fila dentro de uma loja, tava tocando uma música que eu adorava e que não ouvia há séculos... e que eu só ouvi pq tava sem fone nos ouvidos. Fiquei feliz.
    Belo texto! :)

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