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O Teatro da Dor

Cuidar onde pisa é parte do caminho. Os rumos dados pelas nossas escolhas nem sempre são tão claros quanto gostaríamos. E por diversas vezes aquilo que parecia deslumbrantemente maravilhoso, torna-se decepcionante. Ao deparar-se com o “não era bem assim” uns repensam, outros encontram alguma desculpa para a ignorância passar a cegueira.
Talvez até por medo de contrariar a maioria. Mesmo onde se ouve muito que as pessoas escolhem por si, e não por influências é visível a padronização das palavras.
A cultura cerca os indivíduos de tal forma que se torna imperioso aderir ao costume. Por mais infeliz que este seja. Aqui no Rio Grande do Sul, se descordar com a cultura local é ofensa aos hábitos que nem mesmo os gaúchos cultivam corretamente. Mas crimes ambientais caem na vala comum do “todo mundo faz”. Nossos novos tradicionalistas seguem o sertanejo paulistano ou o pagode de sei lá onde, mas são muito gaudérios, sim. Afinal, eles tomam chimarrão ao fim da tarde, comem churrasco no domingo e torcem para um da dupla grenal.
Assumimos a maldição dos rodeios como cultura. A midiocracia impôs essa maldição que foi abraçada porque qualquer coisa com cerveja e canções (de mau gosto) vende. Enquanto a crueldade fabrica o teatro da dor nos bastidores para o grande espetáculo.
Se os costumes se modificam e ganham ares modernos, que sejam mais elevados. Se tu queres matear em charla guasca, boleia a perna, puxe o banco e vai sentando. Se estás loco de faceiro e vais te juntar aos teus, come, bagual. Mas sem matar ninguém.
É por demais infeliz e trágica a conservação de uma idéia de que temos de matar para sobreviver. E em termos nutricionais, não temos nenhuma necessidade de alimentar-nos de carne, nenhum delas, para termos saúde. Como terapeuta, biólogo e atleta afirmo com conhecimento de causa e prática.
Palavras Mágicas é o que nos faz abrir os olhos. Pouco importa quantos estão dispostos a crescer de verdade. Catar boas frases para por no perfil não nos faz crescer. Crescer é outra coisa. E eu creio numa evolução que forme uma cultura sem mortes, sem dor e sem violência. Numa cultura em que a preservação do meio ambiente seja obviedade. Sem esse papinho do “Eu não sei. Sempre foi assim por aqui” que sustenta os paradigmas.
E que as gerações futuras conservem os ideais amadurecidos, e os aplique, porque preservamos e respeitamos a natureza na forma qualquer que ela se apresente. Demonstrando educação que sirva de modelo a toda terra.

6 comentários:

  1. Aqui pra ti, ó, gaudério: http://goo.gl/C6S1E

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  2. Um comentário bem pessoal,

    Rodrigo, eu adorei ler este post.
    Não só pelo excelente texto, pela causa nobre e pelos argumentos sólidos, mas gostei de te ver assumindo um lugar que é teu, como terapeuta, biólogo e atleta. Acho que essa autoridade é tua, conquistastes este espaço.
    Eu me senti segura lendo este texto, pq você assumiu a sua identidade. Lógico que eu já sei quem tu és é e agradeço a Deus por isso, mas como leitora posso afirmar que este texto tem paixão com conhecimento e é isso que nos faz pensar, repensar, refletir e até mesmo reconstruir uma ideia que há muito tempo foi incutida em nossa mente.

    Parabéns ao Biólogo, ao Terapeuta, ao Atleta que és.

    Noite Boa!

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  3. Rodrigo, gostei muito do post.Terceira vez que venho comentar, é da algum erro. Mas, vamos lá, um post bem escrito, como a carina falou de alguém que é autoridade no assunto. É até hipocrisia da minha parte, pois não sou vegetariana, ...mas, enfim, já refleti muito sobre a idéia, mais ainda não a coloquei em prática. E uma coisa é verdade, herdamos muitas coisas dos antepassados,e poucos vezes, nos pegamos refletindo se é o certo ou não.
    Adoreii. Beijos

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  4. Rô, meu amigo, cá estou, como carnívora que sou, não para comentar o conteúdo do texto, mas sim pra te aplaudir por estar se assumindo como profissional. Não importa se de todas as tuas especializações escolherás esta ou aquela, o que importa, e me trouxe aqui pra fazer este comentário, é a paixão, porque seja qual for a escolha, ela só terá êxito com paixão, e fiquei imensamente feliz em perceber este sentimento que colocaste tão bem neste texto. Beijoca, Deus te ilumine sempre:)

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Texto conciso, forte, concreto; com certo teor de indignação e fúria.
    Considero-me uma hipócrita, por vir aqui e defender tua causa, que não só tua - com toda graça. Simpatizante do vegetarianismo, trago grande força de vontade, mas como um vício inconsciente, quando mal percebo, estou a deslizar na causa. Quando a sociedade hipócrita impõe algo, por mais sutil que possa parecer, é imposto com vontade e força. Implanta em nosso cotidiano a justiça e o amor ao próximo, mas também nos põe a par que, sendo menoria e defendendo-a, seremos esmagados. Considero-me parte de algumas menorias, sim. Mas reconheço minha falta de vontade de expor parte de quem sou, faço, sinto. E, para aqui caber, tornando-me uma hipócrita ao não aceitar a violência animal, mas usando couro.
    Que “o mais forte sobrevive”, é fato. Mas quando Darwin disse tal frase, jamais teria em mente o uso errônio que, anos a frente, a humanidade faria dela.
    Sinto revolta tomar conta, com a incompreenção artística de minha vida. Mas aceito a incompreenção e o indagamento. Afinal, a vida é questionável. Veja bem... será que estamos mesmo NOSSA vida, ou fazemos parte apenas do imaginário de outro indivíduo? Será que não somos apenas peças de um jogo criado para fazer crer que somos reais e assim divertir quem realmente existe? Como podemos provar nossa tal realidade? Ficam as dúvidas.
    XX and OO
    Força na causa.

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