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Inspiração Tranquila

Numa noite vazia no meu mundo virtual o sono não deitou sua mão sobre meu semblante. Minhas idéias geralmente fervilham antes de minha taça de inspiração transbordar e derramar a essência do que me inquietou. No twitter, a @carinalila disse se inquietar com a idéia de inspiração, quando lhe perguntei se existe inspiração tranquila. 
Minha tranquilidade hoje chegou ao ponto de me perturbar. Mesmo com um circo pegando fogo, me achava em paz. Não pretendo fazer deste post um relato. Acho isso um saco. Mas inspiração tranquila é curioso. Imagino homens como Chico Xavier, Isaac Newton, Allan Kardec, entre outros tantos, trabalhando dias a fio. Como se concentravam tanto? Talvez seja como me disse o @joaopetrillo hoje, é importante manter o foco. Não deixar-se dispersar. Desta forma, creio eu, a atenção, a força criativa e o pensamento não são desperdiçados. O pensamento, energia com força motriz de proporções até agora  desconhecidas, quando canalizado conquista o improvável. E @joaopetrillo disse ter assistido no filme O Segredo que devemos nos concentrar para pequenas questões também, como mentalizar o que se quer para a semana ou para em breve. Belas Palavras Mágicas as dele.
Outras ponderações de @joaopetrillo estão no http://arterandovomitos.blogspot.com/ . Já mencionadas em outro texto aqui no PM.
Talvez a concentração traga uma inspiração tranquila. Como o talento lapidado de um artista. Entendo assim, para se improvisar com qualidade é preciso saber do assunto. Quando se domina este assunto, ou técnica no caso de um artista, o improviso sai melhor, mais embasado. E sentindo-se mais seguro de si, o artista pode improvisar com inspirações repentinas tranquilamente.
Ao estudar música se fala muito em improviso de solos. Mas já é feito um estudo sobre as escalas com antecedência. Quanto melhor o estudo, melhor o solo. Provavelmente.
Esta linha de raciocínio pode ser aplicada a profissão, a relações interpessoais e demais coisas da vida. Pois que não temos como prever uma jornada de inicio a fim. Podemos, sim, nos preparar com alguma precaução para o que desejamos cumprir. 
Imagine fazer um plano. Vai ser necessário isso, aquilo, depois pego tal coisa, em tal lugar é assim, etc. Só que tudo pode mudar repentinamente. O que se entende por "plano"? A superfície de uma  mesa é plana. Plano é uma forma de assegurar que a segurança da jornada esteja garantida. Por isso tem de ser reto, liso. Tudo conforme o previsto.
Mas a vida é cheia de altos e baixos. E só podemos adaptar os planos à vida, não há como adaptar a vida aos planos. A vida não espera até que estejamos prontos. Ela acontece. 
Vou usar uma metáfora. A vida é a base, o alicerce. É feito um plano. Colocado o plano sobre a vida, quem fez este plano começa sua jornada sobre o plano. Está tudo liso, fácil de passar por ali. Mas a vida com seus altos e baixos, move-se. E o plano posto sobre a vida tem de se adaptar. Logo o plano está cheio de altos e baixos, não funciona como o previsto. Surgiram imprevistos. E é descartado. O que está errado? O plano? Foi erro de cálculo? Não. Apenas a vida não permite estes "planos".
Para quem pensa que planos são necessários, basta lembrar que raros dão certo. Porque não pode-se prever tudo, são fatores demais a serem contabilizados. E se der certo, o fator sorte influenciou. Crer que o plano resolverá o que surgir a frente é uma ilusão para dar a sensação de segurança. Neste ponto gosto de lembrar uma poesia atribuída a Shakespeare, em que num dos versos diz:
"E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã  é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão".
A metáfora de planos-altos e baixos também cabe aqui.
Quero dizer o seguinte: prepare-se! Não planeje demais, não ponha suas fichas no futuro, não lamente que o momento ainda não é o que se deseja. E persista! Concentre-se! 
A segurança que desejamos sentir só pode ser verdadeira se partir de si mesmo, não de uma estratagema. 
Aí poderemos ter inspirações tranqüilas como os grandes seres humanos que mencionei.
Um dia eu chego lá. No meu caso é láááááá! Heheeh!

Mas sem planos. E você?

4 comentários:

  1. Boa noite,

    Obrigada por ter citado o meu nome em seu texto, me sinto honrada, mas gostaria de postar aqui a frase completa que usei:

    "Cada da um tem um jeito de se inspirar né? Inspiração tranquila? Eu não conheço, me inquieta até a ideia de estar inspirada".

    Com isso, quis dizer que tudo o que nos inspira "rouba" um pouco de nossa vida, do nosso tempo, de nossos pensamentos, da nossa sobriedade...

    Não consigo visualizar tranquilidade nas vidas de Chico Xavier, Isaac Newton, Allan Kardec... Seres iluminados, espíritos elevados, homens de sucesso e que transmitiam paz e sabedoria, concordo. Mas tranquilidade eu tenho certeza que não era algo comum na vida deles, absoluta certeza.

    Em nossas vidas temos momentos de inspiração e momentos de tranquilidade, precisamos das duas coisas!

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  2. Boa sacada, Carina Lila. Eu vejo que nestes espíritos que reencarnam no intuito de elevar a humanidade muita tranquilidade. Mesmo que diante de turbulências que o cotidiano deles os impunha. Diante de tudo o que vivenciaram, mantiveram-se firmes em sues propósitos.
    Ótimo comentário, Lila. Agradeço por emprestares o brilho das tuas Palavras ao PM.

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  3. Cara, eu tive um professor que tinha um bordão: "O planejamento é feito pra você errar... [pausa de efeito]...cada vez menos.
    Vejo um meio-termo emergir de tudo o que tu escreveu: é preciso manter o foco, o alvo à frente dos olhos. O alvo se move - em alguns casos até se altera - e então é preciso fazer correções no trajeto. Assim é o planejamento que engloba as mudanças de percurso.

    Há um tempo atrás tive uma epifania: a notícia na internet dizia que um treino do São Paulo (acho) teve que ser cancelado porque... [pausa de efeito] ...um helicóptero fez um pouso forçado no gramado.

    E nesse momento eu pensei, assim como tu: quem pode controlar os acontecimentos? Imaginei que o técnico mais organizado do mundo, com a equipe mais competente disponível e o time mais disciplinado que se possa imaginar; tudo preparado nos mínimos detalhes pro treino acontecer, nada pode dar errado... consegue visualizar?

    Aí, do nada, um HELICÓPTERO pousa NO MEIO do gramado e vai tudo por água abaixo.

    É loco, não? A gente não tem como controlar o futuro, são realmente variáveis demais.

    Mas um bom planejador teria um plano B... :)











    ... que também poderia dar errado! kkk

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  4. Creio que, uma inspiração tranqüila tenha a ver com a segurança que se sente em fazer alguma coisa, seja ela de qual natureza for. Segurança me diz sobre experiência em certo assunto ou tarefa.
    Não faz muito tempo, ouvi em um vídeo do artista Chuck Close, sobre as dez mil horas de vôo que um piloto necessita ter de experiência para tirar seu brevet. Isso se deve ao fato de ele necessitar de certa experiência, que o deixe uma brecha entre o caos e o improviso, para que ele possa agir com rapidez e segurança. Nessa brecha, ele tem tempo para pensar nas possibilidades e reações que sua ação pode ocasionar. E assim, Close interligou as tais “dez mil horas de vôo” as demais áreas, para não dizer a todas. Para que se atinja certo ponto de segurança e certeza, uma fortaleza e uma firmeza (quase) plena, são necessárias as mesmas dez mil horas de vôo, ou seja, de experiência.
    A prática traz segurança; a segurança, fluidez; fluidez, a tranqüilidade.
    Quanto maior a certeza no que se faz e maior o gosto pelo feito, menor a dispersão, pois há a vontade de que esteja findado seu projeto e que haja orgulho.
    Consequentemente, conhecimento e gosto mantêm seu foco e concentração.
    E, com estas afirmações, confirmo sua incerteza: “talvez a concentração traga uma inspiração tranqüila”; subtraindo, é claro, o seu ‘talvez’.

    Para que haja um bom improviso, é necessário muito estudo de causa, é necessário conhecimento.

    Não há como prever toda a trajetória, não há como prever um plano pleno. Mas há como obter maior segurança nas possibilidades e variáveis de um plano B. prever possibilidades, pela segurança e conhecimento da mesma.
    Assim como o tempo pode virar de uma hora para a outra, a vida também.
    Numa bela tarde de sol, com aquele mormaço, ao final da mesma pode vir aquela chuvinha pra refrescar. Concordamos com isso, pois já passamos por essa situação por diversas vezes, estamos preparados, temos conhecimento, temos experiência. E assim como estamos preparados para receber uma chuvinha no final da tarde, devemos estar preparados para as situações da vida. Claro que jamais estaremos prontos para toda elas, mas para aquelas que são mais prováveis que aconteçam, ou q podem acontecer mediante as variáveis, devemos estar.

    Mas isso tudo não quer dizer que discorde de Carina, quando diz inquietar-se com sua inspiração.
    Tendo em vista, inspiração tranqüila como a naturalidade com que a própria inspiração nos chega, se inquieta ao estar dentro de nós, e a necessidade em pô-la para fora. Aquela coceirinha para transpor para o papel aquela idéia, aquela criação, os versos, as notas, a obra.
    Ro,
    há sim inspiração tranqüila e há também a inquietação em tê-la. Não que, com isso, exista a necessidade de andarem juntas.
    Como já disseste: Não planeje, prepare-se. E persista!!!
    Um salve à inspiração tranqüila...

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